A Carta À Igreja Tolerante de Tiatira

Tempo de leitura: 7 minutos

A Carta À Igreja Tolerante de Tiatira. A Quarta Carta do Apocalipse de João. Quais as lições para para nós? (Ap 2.18-29).

Como nas cartas anteriores, o conteúdo segue de declaração que caracteriza a Pessoa de Cristo, e do conhecimento do estado da igreja, o chamado ao arrependimento e promessas.

Antes, porém, como fiz nas outras meditações, apresentarei algumas informações da cidade.

A Cidade de Tiatira

Segundo o Dicionário John D. Davis, Tiatira era uma cidade da Ásia Menor, na Lídia, nos limites da Mísia, na estrada que vai de Pérgamo a Sardes.

Anteriormente era conhecida como Péropia e Euipia no ano 280 a.C.

Não era um centro comercial muito importante, mas tornou-se comércio de púrpura.

Lídia, a comerciante de púrpura de At. 15.14 era natural de Tiatira.

Atualmente a localização de Tiatira seria Ak Hissar, onde há traços da cidade antiga.

A Carta À Igreja Tolerante de Tiatira e O Remetente

Como nas cartas anteriores, o conteúdo se inicia por uma declaração da Pessoa de Cristo vista por João no início da visão no capítulo 1.9-20.

Nesta carta, Jesus se apresenta como “Filho de Deus que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes a bronze polido” (2.18 com 1.14,15).

Tanto nesta quanto nas outras cartas não há dúvidas quanto ao autor de seus conteúdos. A autoria é de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele morreu, ressuscitou, foi para o céu, mas continua pastoreando a igreja dele.

Ele faz isso porque tem poder para tanto. Aqui, o poder é descrito na expressão: “olhos como chama de fogo”. Isto significa o poder de Jesus conhecer todas as coisas.

Com seus olhos ele perscruta as coisas mais profundas em tudo, principalmente e de modo especial na igreja dele.

Assim, essa figura significa o poder de conhecimento pleno, completo de Jesus.

Fazendo um contraste entre Apocalipse 2.18 com Daniel, capítulo 2, vimos que a profecia era sobre Jesus e se cumpre nele.

A Carta À Igreja Tolerante de Tiatira Revela A Onisciência de Jesus

Porque Ele tem os olhos como chamas de fogo, que perscruta a tudo, Ele conhece as boas e as más obras de cada um dentro da igreja dele.

Por isso, a declaração no verso 19: “Conheço as tuas obras”. Como diz o provérbio: “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Provérbios 15:3).

Então, Jesus é Deus Onisciente. Com seu conhecimento profundamente penetrante, Jesus viu boas obras na Igreja de Tiatira.

Ela era uma igreja que amava o Senhor, tinha fé genuína, serviços, perseverança.

Ao contrário da Igreja de Éfeso que perdeu seu primeiro amor, Tiatira o conservava revelado em obras até o fim (2.4,19).

O conhecimento do Senhor é revelado em forma de elogios. Que bom é sermos conhecidos do Senhor e sabermos que Ele encontra coisas agradáveis em nós!

Entretanto, o Senhor que conhece as coisas boas em nós, também vê coisas ruins. Ele tem uma nota de contrariedade sobre a Igreja de Tiatira.

A Igreja tolerava uma falsa profetisa que ensina a perversão dos crentes (20).

Jesus disse que deu tempo para ela se arrepender, mas ela não quis (21).

Quatro ensinos

1 – Tolerância.

Nós devemos ser tolerantes com os pecadores, buscando o arrependimento deles. Não devemos ser vingativos ou ter pressa de sermos punitivos.

O próprio Jesus diz que chamou ao arrependimento e que deu tempo para que tal mulher se arrependesse.

Assim, devemos chamar as pessoas na igreja à correção de seus procedimentos pecaminosos e dar-lhes tempo para se consertarem.

Mas, qual foi o pecado da igreja? Tolerava Jezabel. Quem era ela? Veja mais adiante.

2 – Disciplina.

Tolerância tem limites. Após chamar e dar tempo para arrependimento, Jesus parte para punição: Ela e os seguidores dela seriam acometidos de uma enfermidade, e receberiam o castigo por suas más obras (22).

Mas não era vingança, era correção amorosa (Ap 3.19).

Notem que Jesus censura a igreja por ser negligente na disciplina. Por vezes, pessoas influentes na igreja andam em pecados e nunca são chamados ao arrependimento, como havia na Igreja de Corinto (capítulo 5).

Tal displicência na correção dos erros vem em nome de um falso amor aos perdidos, pois amor verdadeiro busca a disciplina amorosa.

Qual pai que não disciplina seus filhos (Hb 12.8). Disciplinar é desagradável, mas necessário.

3 – Perda da Salvação.

A heresia leva a perda da salvação pela rejeição ao chamado de Cristo. Isto quer dizer que a pessoa conheceu a graça do Senhor, mas a heresia levou à apostasia: Rejeição da fé salvadora (Hb 6.4-6).

4 – Enfermidade.

Crentes podem sofrer enfermidades como castigo de Deus para promover o arrependimento (2 Co 7.10).

A Carta À Igreja Tolerante de Tiatira: Adultério Espiritual

O adultério mencionado nos versos 21 e 22 se refere à sedução pelo ensino da tal Jezabel.

Jezabel foi mulher do rei Acabe (1 Rs 16.31 – 21.54). Ela fortaleceu o baalismo em Israel levando o povo de Deus à derrota espiritual, ou seja, à rejeição por parte de Deus.

Por isso, Jezabel passou a ser símbolo de idolatria, que, neste caso significa adultério e prostituição espiritual; traição à aliança com Deus.

Tal ensino levava os servos do Senhor a comerem das coisas sacrificadas aos ídolos (Ap 2.20).

Então, tal adultério não era a traição da aliança de casamento entre um homem e uma mulher. Era antes, adultério espiritual. Traição da aliança do Senhor (Jr 16.11).

Porém, a Bíblia ensina que adultério conjugal também é pecado (Mt 19.18).

Em consequência da traição espiritual promovido pela falsa profetisa, seus filhos, ou seja, seus seguidores seriam mortos (23).

Isto serviria de exemplo para todas as igrejas e não somente para de Tiatira. Jesus zela pela pureza da igreja dele.

O pastor, a quem foi endereçada a carta é responsável direto na questão da pureza da Igreja do Senhor. Mas todos são advertidos (24,25).

O grupo herege na igreja buscava acrescentar supostos conhecimentos sobre “as profundezas de Satanás” (24).

Entram nesse rol os ensinos exotéricos e revelações suplementares como se o Evangelho fosse insuficiente.

A igreja precisa conhecer em todos os sentidos a Jesus. “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo (2 Pe 3.18).

O evangelho de Cristo, puro e cristalino é suficiente para o verdadeiro cristão.

A Promessa

A promessa de bênção é feita aos vencedores. Subentende-se que os infiéis serão os perdedores; não terão premiação.

A promessa de bênçãos, portanto, é para quem for fiel até o fim. Isto quer dizer: Até o último suspiro. É aí que tudo termina nesta vida. Também é aí que começa a vida além.

A promessa diz respeito a receber autoridade. Jesus recebeu toda autoridade no céu e na terra (Mt 28.18). Ele tem poder para dar e para tirar autoridade de quem quer que seja.

A autoridade oferecida por Ele aqui é sobre as nações. Tudo indica que será no milênio, quando a igreja reinará com Cristo (Ap 20.4).

Será dada também ao vencedor a “estrela da manhã” que é o próprio Senhor Jesus ou sua glória (Ap 2.28 com 22.16).

Ele é a estrela prometida a Jacó (Nm 24.17)

Finalidade

Finalmente, as Cartas do Apocalipse têm aplicação para todas as igrejas de todos os lugares e de todos os tempos, inclusive as de hoje.

As advertências, os chamados e promessas valem para nós. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2.22).

Leia também: Carta A Igreja de Éfeso Estudo


Descubra mais sobre Pr Odivan Velasco

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe uma resposta