Israel Corrupção Moral e Espiritual

Tempo de leitura: 8 minutos

Israel Corrupção Moral e Espiritual, Livro de Juízes, cap. 19, um dos textos mais macabros da Bíblia. Marcas de pecados e consequências.

Morte em Israel Corrupção Moral e Espiritual

O capítulo 19 do Livro dos Juízes no Bíblia revela um estado de podridão moral e espiritual estarrecedor. Tal estado foi marcado por morte, um banho de sangue numa guerra civil na família de Jacó.

Por que isto aconteceu? O povo santo se apartou de Deus e adorou ídolos. Esqueceu as conquistas dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó e não seguiu o legado de fé que eles deixaram. Além disso, esqueceram-se das instruções de Moisés e da Lei que ele deixou.

O povo se prostituiu espiritualmente e moralmente, abandonou os ensinos de vida da Lei de Deus, e seguiu ídolos, e os costumes dos povos de Canaã.

Vamos aos fatos registados no capítulo 19 de Juízes. A narração é assustadora. Então, vamos por partes.

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

1ª Parte: A concubina de um levita o abandona e volta para casa do pai (1-3a).

Um levita tinha uma concubina. Concubina era uma espécie de esposa de segunda categoria. Naquele tempo, a poligamia era aceita lealmente. Então, um homem podia ter várias esposas e/ou esposas e concubinas.

Estas podiam ser abandonadas mais facilmente do que as esposas oficiais (Gn 21.10-15 Agar). Porém, havia leis que reconheciam os direitos delas (Ex 21.7-11; Dt 21.10-17).

Algumas traduções dizem que a concubina “adulterou” e foi embora para casa do pai. Outras trazem “aborreceu”; “se irritou”; “foi infiel”…

Mas, o contexto parece indicar que a mulher se aborreceu com o levita e, por isso, voltou para casa do pai. O motivo de escolher esta interpretação é que ele foi procurá-la para se reconciliar, como diz no texto, “para falar-lhe ao coração” (3).

Isto era uma frase idiomática que significava falar com carinho, amor e generosidade (Shedd). O objetivo era reconquistar e restaurar o relacionamento entre eles.

Então parece que a concubina que era de segunda categoria ganhou o primeiro lugar no coração do levita.

Além disso, o pai da moça a recebeu de volta sem recriminação. Isto seria muito difícil num contexto em que o adultério era punido com a morte (Lv 20.10).

2ª Parte: O levita chegou na casa do pai da concubina e procura mantê-lo ali (3b-9).

Quando o levita chegou, o pai da moça o recebeu com alegria (3c). Então, ele o deteve por três dias em sua companhia num clima de festa (4).

Ao quarto dia o levita se levantou cedo para partir, mas o sogro insistiu que ele ficasse. Então ele ficou.

Mas, no quinto dia, embora o sogro ainda insistisse para ele ficar, resolveu partir, mesmo já sendo tarde para a viagem.

Vemos nesse quadro a importância da hospitalidade naquela cultura e naquele tempo. A hospitalidade era algo sagrado, e por isso, deveria ser praticado e respeitado.

Na terceira parte, veremos mais sobre isso.

3ª Parte: O Levita procura chegar a uma cidade israelita para passar a noite com sua concubina e seu servo (10-21).

O homem chegou e ficou na praça da cidade, pois ninguém lhe ofereceu hospitalidade.

Mas, vindo um homem velho do campo, viu o levita na praça. Este homem, porém, não era um benjamita, mas era efraimita. Ou seja, era conterrâneo do levita que também era de Efraim.

O velho conversa com o levita investigando de onde ele era e para onde viajava. O levita explica que estava de volta de Belém para a montanha de Efraim, e que ninguém naquela cidade lhe ofereceu hospitalidade, mesmo ele tendo todo sustento necessário para ele e seus acompanhantes.

Então, o velho ofereceu hospitalidade, alimentou os jumentos, os viajantes lavaram os pés, comeram e beberam.

Um estrangeiro residente ofereceu hospitalidade digna a um estrangeiro viajante.

4ª Parte: Malfeitores atacam a casa do anfitrião em busca do levita (22-25).

Enquanto o anfitrião e seus hóspedes se confraternizavam, malfeitores (malandros, homens filhos de Belial, ímpios) atacaram a casa do velho fazendo tumultos e batendo na porta. Eles queriam que o velho entregasse o levita, pois queriam “conhecê-lo” (22).

Mas entenda, que “conhecer” era esse que eles queriam tanto? Não era, dizer, olá. Nós somos benjamitas. Qual seu nome? De onde vens? Muito prazer. Não!

Então, que conhecer era esse que o velho hospedeiro, para acalmar os vagabundos lhes ofereceu sua filha virgem para eles abusarem dela? E eles recuram. Queriam o levita. (23-25a). Conferir com Gn 19.9sgs).

Mal tratar um hóspede era mais grave do que crime de estupro.

Loucura é no hebraico nebalah: “devassidão”, “impiedade” (Shedd). Nabal (1 Sm 25.25).

5ª Parte: O Levita entrega sua concubina aos malandros (25b-30).

Para tentar acalmar os bandidos e evitar mais danos a si, ao seu hospede e família, o levita entrega sua concubina aos bandidos. Então eles a conheceram (25c).

Mas que conhecer é este, já que abusaram dela toda a noite até de manhã? Era esse “conhecer” com que queriam conhecer o levita. Cometeram estupro coletivo.

Então a concubina não resistiu à violência dos bandidos estupradores, e morreu.

O marido saiu pela manhã e a viu caída à porta. Chamou-a para partir. Mas ela não respondeu. Estava morta.

O levita, então, colocou-a sobre seu jumento e partiu para casa.

Ao chegar a casa, tomou um cutelo e partir sua concubina em 12 pedaços e enviou para todo Israel com uma mensagem: Desde o dia em que subiram do Egito, viram algo semelhante? Reflitam nisso. Consultem-se e pronunciem uma sentença.

Decisão da Assembleia de Israel em Mispa (capítulo 20).

Todos os filhos de Israel, exceto, claro os benjamitas se reuniram em Mispa, perante o Senhor (1). Eram 400 mil homens de guerra.

A congregação pediu ao levita para explicar o que aconteceu, como foi cometido tal crime (3-7).

O levita buscava uma decisão de justiça contra aquele crime ignominioso, infame ou horrível, vergonha e loucura (6).

A decisão da assembleia foi: Sairemos contra os benjamitas por sortes (8-11).

A assembleia pede aos efraimitas que entreguem os homens que cometeram crime (12-18)

Mensagem: Que maldade é esse que cometeram? Entreguem os homens filhos de Belial para que os matemos e tiremos de Israel o mal (12b-13a).

Benjamim não quis entregar os homens malignos. Pelo contrário, ajuntou-se para a guerra (13b-18).

Benjamim: 26000 peritos na guerra (15).

Israel: 400mil.

Israel consultou a Deus em Betel para ver quem sairia primeira à batalha. Foi Judá (18).

Benjamim venceu o primeiro. Matou 22 mil homens de Israel (21).

Israel tornou a consultar a Deus. Iremos contra nosso irmão? (23). Resposta: Subi contra Benjamim (23).

Benjamim venceu a segunda batalha: 18 mil mortos de Israel (24,25).

Israel chorou perante o Senhor, jejuou, ofereceu holocausto e oferta pacífica. Depois perguntou: Tornaremos contra Benjamim, nosso irmão, ou desistiremos?

Resposta: Subi que amanhã eu os entregarei nas vossas mãos (28).

Israel armou emboscado. Uma parte fugiu dos benjamitas que ainda mataram 30 israelitas (31).

Dessa vez Israel matou 25100 benjamita. Saíram 26700 e sobrou 1600 (35).

Israel ainda atacou a cidade de Gibeá

Na emboscada, Israel matou quase todos os benjamitas: 25 mil, afora os que mataram da cidade e dos lugarejos em volta (44-48). Sobrou apenas 600 homens.

Cap. 21 – Como restaurar a tribo de Benjamim

Sobrou da guerra 600 homens. Sem esposas.

Israel havia prometido que ninguém daria suas filhas aos benjamitas (21.1)

O povo chorou diante de Deus em Betel lamentando a falta da tribo de Benjamim (2-3).

Ofereceram culto: edificaram altar, apresentaram holocausto e ofertas pacíficas (4).

Haviam dito que quem não comparecesse à assembleia em Mispa seria morto (5)

Tiveram compaixão de Benjamim (6)

Como conseguir esposas para os 600 restantes e manter a tribo de Benjamim? (7).

Como o povo de Jabes-Gileade não atendeu a convocação da assembleia, os homens foram mortos e conservaram 400 moças para os benjamitas (8-15).

Mas ainda restaram 200 benjamitas solteiros. E agora? (16-25).

Agora se tornaram ladrões de mulheres. Se seus pais as dessem em casamento feririam o acordo de não lhes dar suas filhas. Mas se fossem roubadas, não teriam culta.

Lições

O levita não deveria ter uma concubina. Só fez arruinar a vida da moça. Pelo menos deveria tê-la deixado ir embora.

Dramatizou o caso no pior cenário possível em busca de justiça: Esquartejar a pobre concubina.

Os benjamitas foram coniventes com os pecadores e corresponsáveis pelos crimes cometidos

Os israelitas acertaram em pedir os culpados a serem castigados.

A assembleia do povo tomou várias decisões ainda mais agravantes: Medidas desesperadas.

Leia também: O Amor Entre Duas Mulheres


Descubra mais sobre Pr Odivan Velasco

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe uma resposta